segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O amigo de Janildo



Esses dias fui a casa de uma grande amiga minha fazer uma visitinha e o pai dela estava la e enquanto ela se arrumava para sairmos o pai da minha amiga (que vou chamar de Seu João) perguntou-me se eu entendia de Leis Trabalhistas pois tinha ocorrido um “causo” na propriedade rural que ele possuía e ele estava a querer demitir o funcionário.

Falei para o Seu João que não era nenhuma especialista, mas como tenho uma pessoa na minha família que julga essas coisas, eu poderia perguntar para ela se cabia ou não demissão por justa causa. Ele então começou a narrar-me os fatos, a contar-me uma historia que a medida que era narrada revelava-se uma historia cada vez mais cheia de mentiras e descobertas terríveis.

O Seu João tinha um peão na sua fazenda (que vou chamar de Janildo) que era sempre motivo de satisfação pois era sempre responsável com sua função, homem trabalhador, dedicado e muito respeitador. O Janildo era casado com uma anãzinha, ela tinha mais ou menos 1,20m de altura, mas o Seu João disse que era “braba” igual a um homem e que nunca levava desaforo pra casa... O Seu João ainda usou a expressão: “anãzinha da canela grossa”. Mas voltando ao Janildo, de uns tempos para cá, esse peão fez amizade com um outro homem (que vou chamar de Osvaldo) e juntos começaram a ter um comportamento suspeito.

O Janildo, que era muito “caseiro”, já não mais em casa ficava... Saia com seu amigo Osvaldo todas as noites e chegava em casa já a amanhecer completamente bêbado O Janildo não mais exercia sua função com carinho e dedicação como dantes comumente revelado e agora sim de maneira desleixada e de forma incompetente.

Um dia o Janildo foi falar com o Seu João dizendo que precisava de dinheiro pois tinha um divida que precisava ser paga. O Seu João não dispunha de dinheiro para emprestar já logo a dizer isso a Janildo. Porem Janildo tinha uma proposta: “Seu João, eu tenho aquela égua de raca e minha carroça novinha... O senhor compra ela de mim por um preço mais barato e quando eu tiver o dinheiro o senhor me vende de novo!”

O Seu João, na verdade, não queria comprar égua com carroça nenhuma, pois ele alegava que isso iria “apertá-lo” financeiramente e disse que não poderia ajudar, mas o Janildo insistia em vender para ele e pegar o dinheiro que ele tanto precisava... Essa insistência durou dias e o Seu João começou a desconfiar dessa “precisanca” de dinheiro do Janildo.

Um dia então, vendo que o Seu João não iria comprar a égua com a carroça, ele acabou vendendo para um vizinho e tempos depois ainda fez o Seu João ir la com ele comprar a égua e a carroça de volta pois dizendo ele a égua era de raca e a carroça novinha e de boa qualidade...

Enfim, caro leitor, a “precisanca” de dinheiro do Janildo não acabou. Ele sempre tentava pegar dinheiro adiantado com o Seu João e sempre pedia a ele um empréstimo sempre frustadamente pois o Seu João já desconfiadíssimo do comportamento suspeito do Janildo, nada lhe emprestava.

Um dia, fizeram uma festa na casa de Janildo, ou seja, na propriedade rural do Seu João Era um almoço e toda a família do Janildo e de sua esposa estavam presentes, mas la figurava uma outra pessoa que realmente intrigava a todos: o amigo de Janildo, Osvaldo. Ele sempre muito achegado ao rapaz, que diga-se de passagem, também achegado a ele, eram inseparáveis..

Ao fim da tarde, a esposa de Janildo assentou-se em um banco de madeira e começou a conversar com o Seu João, logo chegaram Janildo e Osvaldo e este avisou a mulher que iria “apartar” as vacas (expressão utilizada no interior que significa que ele iria recolher os animais e colocá-los no curral). A anãzinha e o Seu João então, ao ver que Janildo ia fazer o seu trabalho acompanhado pelo inseparável amigo Osvaldo, logo já suspeitaram...

Ao passar uns 30 minutos, a esposa de Janildo disse ao Seu João que estava a achar estranho a demora de Janildo, já que as vacas eram mansas e não davam maior trabalho para serem “apartadas”. Ela então disse ao Seu João: “Seu João, eu vou atras de Janildo pra ver o que esta a acontecer”.

O Seu João continuou sentado no banquinho de madeira a admirar o por do sol, quando depois de uns minutinhos vê ao longe o Janildo, todo sujo de barro (provavelmente porque deveria ter rolado no chão cheio de lama) a correr como um louco gritando por socorro. Logo atras estava a anãzinha, com um pedaço de pau nas mãos, correndo atrás dele e a gritar: “Mata!!!... Mata!!!...”.

As pessoas presentes na festa logo correram a socorrer o Janildo de sua esposa “anãzinha da canela grossa que não leva desaforo pra casa”. E perguntaram o que havia acontecido...

Ja sei caro leitor!!!... Estas a achar que o Janildo tinha um caso homossexual com o Osvaldo... Mas engana-se!!!... a mulher dele na verdade flagrou o Janildo em cima de um cupim a “pegar” a pobre eguinha... Depois dessa descoberta o Seu João entendeu o porque da insistência dele vender a égua para o Seu João: o Janildo não queria se separar do objeto de seu “romance extraconjugal”. O Osvaldo, amigo de Janildo, provavelmente também era “sócio” dele na “empreitada”.

Bom, concluindo a historia: O Seu João esta doido pra mandar ele embora, mas não sabe se pode ou não... A anãzinha não largou do Janildo pois tem “uma vida inteira juntos” e não seria um pequeno contratempo desses que iria abalar tao grande amor... O Osvaldo não apareceu mais por la, pois ficou com medo de ser golpeado com um pedaço de pau pela “anãzinha da canela grossa”... O Janildo... Bom ele ficou conhecido pelo apelido de “Cupim” depois desse episodio constrangedor e com certeza todos, principalmente o Janildo, acordaram no outro dia sem poder dizer: Hoje eu estou mais rico que ontem!!!...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por comentar em nosso Blog...